quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Refinado, está.

Tentando me livrar da angústia de não me pesar as saudades,

me rendo à cama e procuro nela o seu cheiro.

(O cheiro que me trazia nós quando você estava ausente.)

(A Maria trocou os lençóis.)

Não sinto a sua falta, sinto apenas, uma falta.

E compreendo as causas do esperado sofrimento,

assim como suas roupas,

não estarem presentes no quarto.

Sem elas,

sem seus planos,

me sinto leve.

...lembro o quanto tentei lhe explicar.

O quanto eu queria que ao falar,

através das palavras,

se esvaísse todo o peso embolado no meu peito,
fazendo com que alguns sentimentos parassem de me aborrecer.
Como se uma corda estivesse enfiada pela goela e devagarzinho fosse puxada pelo vão da boca, até que eu pudesse respirar novamente,
coberta pelo alívio.

E talvez assim, te farias perceber.

E talvez assim, nós faríamos mudar.

Não adiantou.

Eu pensei tanto em nós, você dizia,

e procurava no cenário,

onde eu estava incluída,

algum sentindo de entendimento.

Eu te olhava, balançando a cabeça de um lado para o outro,

demonstrando o seu engano,

enquanto as lágrimas, no meu rosto,

procuravam o melhor caminho para descer,

como numa corrida.

Você trouxe os seus sonhos

e eu ajudei a segurá-los.

Fez deles

o nosso presente e futuro.

E no primeiro momento,

eu quis, eu os levei adiante,

eu apenas me inclui satisfeita com todo o encanto de nova vida que me rodeava.

Mas então,

com tanta vidência do nosso futuro seu,

o presente se cansou,

eu cansei.

Nós quebramos.

Nós quebramos, e não foi por não termos pensando em nós.

Quebramos por termos nos esquecido que somos, antes de nós,

você

e

eu.