Tentando me livrar da angústia de não me pesar as saudades,
me rendo à cama e procuro nela o seu cheiro.
(O cheiro que me trazia nós quando você estava ausente.)
(A Maria trocou os lençóis.)
Não sinto a sua falta, sinto apenas, uma falta.
E compreendo as causas do esperado sofrimento,
assim como suas roupas,
não estarem presentes no quarto.
Sem elas,
sem seus planos,
me sinto leve.
...lembro o quanto tentei lhe explicar.
O quanto eu queria que ao falar,
através das palavras,
se esvaísse todo o peso embolado no meu peito,
fazendo com que alguns sentimentos parassem de me aborrecer.
Como se uma corda estivesse enfiada pela goela e devagarzinho fosse puxada pelo vão da boca, até que eu pudesse respirar novamente,
coberta pelo alívio.
E talvez assim, te farias perceber.
E talvez assim, nós faríamos mudar.
Não adiantou.
Eu pensei tanto em nós, você dizia,
e procurava no cenário,
onde eu estava incluída,
algum sentindo de entendimento.
Eu te olhava, balançando a cabeça de um lado para o outro,
demonstrando o seu engano,
enquanto as lágrimas, no meu rosto,
procuravam o melhor caminho para descer,
como numa corrida.
Você trouxe os seus sonhos
e eu ajudei a segurá-los.
Fez deles
o nosso presente e futuro.
E no primeiro momento,
eu quis, eu os levei adiante,
eu apenas me inclui satisfeita com todo o encanto de nova vida que me rodeava.
Mas então,
com tanta vidência do nosso futuro seu,
o presente se cansou,
eu cansei.
Nós quebramos.
Nós quebramos, e não foi por não termos pensando em nós.
Quebramos por termos nos esquecido que somos, antes de nós,
você
e
eu.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
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